No sábado, dia 25 de
fevereiro, Dom Pedro Zilli e Dom Ildo Fortes, Bispo de Mindelo – Cabo
Verde, estiveram visitando Goré, uma pequena ilha de 900 metros
de comprimento e 300 de largura, ao largo
da cidade de Dakar, Senegal, conhecida na história do comércio de escravos. É um
símbolo do tráfico negreiro. Goré foi, entre os séculos XV e XIX, um dos
maiores centros de comércio de escravos do
continente, a partir de uma feitoria fundada pelos Portugueses. Esse
entreposto foi, ao longo dos séculos, conquistado e administrado por holandeses, Ingleses e Franceses.
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Dom Ildo e Dom Pedro |
Declarada Patrimônio da
Humanidade pela UNESCO em 1978, a ilha de Goré, constitui hoje um importante
monumento à diáspora africana, recebendo anualmente mais de 100.000 visitantes
e ilustres personalidades, entre elas François Mitterand, o Papa João Paulo II,
Luís Inácio Lula da Silva, Bill Clinton, Nelson Mandela, Barack Obama.
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Restos da Segunda Guerra Mundial |
Na parte
mais alta da Ilha de Goré, pode também visitar-se os restos de um bunker da
segunda guerra mundial, ao qual se chega passando pelos mais variados
“estabelecimentos comerciais” de artistas locais que vendem o seu artesanato. Claramente, a ilha vive hoje essencialmente do
turismo.
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Casa dos Escravos |
Dom Pedro e Dom Ildo, como todos os que passam por Goré, fixaram maior
atençao à “Casa dos Escravos”, maior
símbolo da Ilha de Goré e da sua
história: uma casa holandesa conservada da época (construída em 1776), cuja
estrutura reflete a maior fonte de riqueza da época. Famílias inteiras eram
aqui separadas, sendo cada elemento mandado para lugares tão longínquos e
afastados entre si, como os EUA, Brasil ou Cuba.
Estando na “Casa dos
Escravos”, como não pensar na visita e nas palavras do Papa João Paulo II naquele 22
de fevereiro de 1992? São passados 25
anos da sua peregrinação à ilha de Goré no âmbito da sua visita pastoral ao
Senegal. Definindo a ilha “santuário da dor negra”, o Papa falou desses nossos
irmãos em termos de vítimas desse “hediondo comercio” e exclamou:
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Cartaz recordando os 25 anos da visita do Papa João Paulo II ao Senegal |
“Vim para prestar homenagem a todas as vítimas desconhecidas. Não se
sabe exatamente quantos eram. Não se sabe exatamente quem eram. Infelizmente, a
nossa civilização que se dizia e que se diz cristã, retornou também durante o
nosso século, à prática da escravidão. Nós sabemos o que eram os campos de
extermínio. Aqui tem um modelo. Nós podemos imergir-nos a tragédia de nossa
civilização, da nossa fraqueza e pecado. Devemos permanecer fiel a outro grito,
a de São Paulo, que disse: ‘Ubi peccatum abundavit, superabundavit gratia’” (Onde abundou o pecado, superabundou
a graça, (Rom. 5:20).
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Papa João Paulo II na porta Sem Retorno na Casa dos Escravos |
Na visita dos dois bispos à
Ilha, uma senhora muçulmana, que procura ganhar a vida vendendo alguns
artesanatos, com tanta alegria, disse-lhes, com tanta alegria, que o seu filho nasceu no dia que o Papa foi à
Ilha e que, “em homenagem ao Santo Padre, deu-lhe o nome de ‘Jean Paul’”.
Tiveram a felicidade de conhecer o Jean Paul que se mostrou muito feliz por ter
este nome.
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